quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A Volta

Muito se fala do antes e do durante.

O “era uma vez” sempre explica o presente ou passado das mais diversas personagens dos contos de fada, e o fim da historia é apenas descrito em uma curta e simples frase: “e foram felizes para sempre”.

Assim é com o intercambio; muito se diz da despedida da família e amigos, do duro processo de adaptação, dos conflitos, das saudades da casa, das desavenças com a família hospedeira, das dificuldades superadas. Eu, como intercambista, nunca li algo sobre o depois do intercambio. Nunca soube se pessoas passam pela mesma coisa que eu estou passando agora.

Voltar é estranho. É indescritível. Só saindo de casa, e retornando ao ambiente de antes para saber como é. Algumas pessoas são as mesmas, outras mais gordas, umas ruguinhas a mais, uns quilinhos a menos. Pessoas que outrora era impossível de se tolerar tornam-se agradáveis – a distancia pode salvar alguns relacionamentos – e amigos antes considerados para sempre não estão mais ao seu lado.

É como sentir que uma maquina do tempo lhe trouxe ao passado, mas ao mesmo tempo há alguns resquícios de futuro.

Mas o meu passado não tinha a presença d’Aquele-que-nao-deve-ser-nomeado: o Vestibular!

A pressão do Vestibular começa a agarrar meus calcanhares. Me pego pensando: pra que? Existe maior crueldade do que exigir que jovens de 17 a 20 e tantos anos decidam o que querem do resto de suas vidas? Ah, se fosse só uma questão de decisão. Mas não. Depois da decisão vem o realmente difícil: lutar por esse “sonho” – ou imposição social? Estudar, estudar, estudar. Copiar teorias que em realidade não entendemos, decorar formulas que em dois ou três meses esqueceremos, e aprender sobre civilizações e sociedades de antes de Cristo!

Nos tornamos maquinas de estudo, capazes de decorar milhares de formulas, eras históricas, elementos químicos, mapas, gráficos, estados, capitais, rios, cadeias montanhosas, climas, vegetação, crises econômicas, e assim vai uma extensa lista.

E quero escrever aqui hoje, para registrar a minha revolta com essa necessidade de aprendermos tanto conteúdo junto, apenas teórico, sem levarmos quase nada a pratica. Quero escrever aqui, para dizer que espero estar em uma universidade em dois anos. E escrevo aqui que acho que minha Área é Humanas. E que qualquer engenharia, medicina e economia estão fora da minha lista.

Ah, como eu queria uma maquina do tempo para ter certeza de que em um futuro não muito distante, esse monstro chamado Vestibular não vai ter me prendido no calabouço de estudantes, mais conhecido como cursinho.