terça-feira, 5 de julho de 2011

Cá estou eu, novamente.

Pensei que só escreveria daqui a uns meses, mas enfim, tive um tempo para poder atualizar esse blog.

Na realidade, acho que é mais um diário do que um blog – e que coisa estranha, publicar coisas que você escreveria em um caderno “secreto”, com pensamentos individuais. Estranho.

Mas enfim, me faz bem escrever um pouco, deixar o blog parado, ler o que eu escrevi há alguns meses...

Eu estou mais tranquila hoje. Estou estudando bastante, larguei os livros agora pouco. Finalmente consegui estudar Humanas decentemente, e a matéria está finalmente “em dia”. os exercícios quase todos feitos, a teoria está momentaneamente no meu cérebro (será que estará daqui a uns meses?), e escrever um pouquinho não me deixa com peso na consciência (afinal, estou estudando também, praticando Gramática, e ao mesmo tempo, me atualizando, ao assistir Jornal Nacional).

E parece que o mundo vai realmente acabar em 2012! Ruas congeladas – NO BRASIL. Que triste pensar que se sensacionalistas estiverem corretos, eu vou ter passado o ultimo ano da minha vida estudando, estudando e... estudando. Bom, pelo menos vou ser uma morta culta. Uau!

that's all folks!

domingo, 3 de julho de 2011

break mental - cursinho quase me matando

Eu devia estar estudando. Comecei a fazer uma redação, mas simplesmente travei. Decidi me dar alguns minutinhos de descanso mental, e acessei o meu antigo blog.

Sempre que mostro uma redação atual para minha mãe, recebo a mesma critica: “filha, você escrevia tão melhor no seu blog!”. E, realmente, eu escrevi coisas muito mais decentes nesses posts do que eu estou conseguindo nas minhas redações.

Por quê? Não sei! Estou ficando desesperada! Uma prova pode ser salva com uma boa redação. E eu estou longe de conseguir isso.

É engraçado perceber como suas perspectivas vão mudando. Há dois anos, quando estava na China, eu planejava em fazer um curso que me desse a oportunidade de estudar e trabalhar fora; ganhar um prêmio Nobel, e lutar pelas pessoas mais injustiçadas desse mundo. Ah, sonhar é bom! Concretizar tudo é que se torna difícil.

Ainda não sei o que quero prestar. A indecisão vai me matar, e a incerteza do sucesso no vestibular me deixa desesperada. Estou fazendo o que posso, mas o pensamento mais recorrente é: estou fazendo o suficiente?

Anna Paula, será que você vai conseguir?

Se por acaso você estiver lendo meu blog, e acho que você sou eu daqui a uns meses (ou anos, whatever), espero que esteja na universidade. Feliz. Decidida. E lutando pelos seus planos. Planos. Planos são mais importantes que sonhos. Porque sonhos são fantasia, e planos são objetivos cujos passos são planejáveis e atingíveis. Isso. Planos, não sonhos.

Planos, não sonhos. Mantra do dia. Do ano. Do cursinho.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A Volta

Muito se fala do antes e do durante.

O “era uma vez” sempre explica o presente ou passado das mais diversas personagens dos contos de fada, e o fim da historia é apenas descrito em uma curta e simples frase: “e foram felizes para sempre”.

Assim é com o intercambio; muito se diz da despedida da família e amigos, do duro processo de adaptação, dos conflitos, das saudades da casa, das desavenças com a família hospedeira, das dificuldades superadas. Eu, como intercambista, nunca li algo sobre o depois do intercambio. Nunca soube se pessoas passam pela mesma coisa que eu estou passando agora.

Voltar é estranho. É indescritível. Só saindo de casa, e retornando ao ambiente de antes para saber como é. Algumas pessoas são as mesmas, outras mais gordas, umas ruguinhas a mais, uns quilinhos a menos. Pessoas que outrora era impossível de se tolerar tornam-se agradáveis – a distancia pode salvar alguns relacionamentos – e amigos antes considerados para sempre não estão mais ao seu lado.

É como sentir que uma maquina do tempo lhe trouxe ao passado, mas ao mesmo tempo há alguns resquícios de futuro.

Mas o meu passado não tinha a presença d’Aquele-que-nao-deve-ser-nomeado: o Vestibular!

A pressão do Vestibular começa a agarrar meus calcanhares. Me pego pensando: pra que? Existe maior crueldade do que exigir que jovens de 17 a 20 e tantos anos decidam o que querem do resto de suas vidas? Ah, se fosse só uma questão de decisão. Mas não. Depois da decisão vem o realmente difícil: lutar por esse “sonho” – ou imposição social? Estudar, estudar, estudar. Copiar teorias que em realidade não entendemos, decorar formulas que em dois ou três meses esqueceremos, e aprender sobre civilizações e sociedades de antes de Cristo!

Nos tornamos maquinas de estudo, capazes de decorar milhares de formulas, eras históricas, elementos químicos, mapas, gráficos, estados, capitais, rios, cadeias montanhosas, climas, vegetação, crises econômicas, e assim vai uma extensa lista.

E quero escrever aqui hoje, para registrar a minha revolta com essa necessidade de aprendermos tanto conteúdo junto, apenas teórico, sem levarmos quase nada a pratica. Quero escrever aqui, para dizer que espero estar em uma universidade em dois anos. E escrevo aqui que acho que minha Área é Humanas. E que qualquer engenharia, medicina e economia estão fora da minha lista.

Ah, como eu queria uma maquina do tempo para ter certeza de que em um futuro não muito distante, esse monstro chamado Vestibular não vai ter me prendido no calabouço de estudantes, mais conhecido como cursinho.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

O mundo das garotas e meu preparo emocional

Fofocas, intrigas e juramentos de vingança.

As brigas de meninas sempre envolvem um dos três elementos – e em casos mais sérios, ambos.

O mundo das garotas é cruel porque todas as mágoas e rancor de anos de amizade são trazidos para a discussão na hora quente de uma briga – resultados são ainda piores quando uma das duas, ou em casos extremos, ambas estão na pior semana de toda mulher: a TPM.

Depois de nove meses em Hong Kong, tive minha primeira “grande briga” com minha “melhor amiga” (uso aspas porque depois dessa briga não sei se o titulo é realmente o mais apropriado a essa pessoa). Estou sendo acusada de algo que não sei o motivo, e de que tenho certeza absoluta de que não estou errada. Assumir derrota e pedir desculpas? Nem por cima do meu cadáver.

E essa briga foi muito importante para mim. Tão importante que eu me sinto na obrigação de escrever sobre ela, e publicar os resultados que essa besteira teve na minha vida.

1.Percebo conscientemente que meu preparo emocional é péssimo. Como eu queria poder me controlar e não aparentar mágoa ou raiva – fingir que nada me abala, e não ligar para o que aconteceu (o que deixaria a iniciadora da briga extremamente irritada, porque nada como uma pessoa inabalável e emocionalmente superior para deixar uma garota ainda mais irritada). E essa briga foi boa para eu poder fazer uma auto-reflexão e perceber que mais importante que chutar o pau da barraca e dizer aquele desaforo que ficou na garganta por vários meses de amizade (eu odeio seu cabelo, seu guarda-roupa é um horror, seu ex-namorado é horrível e terminou com você por uma boa razão, etc etc), é muito mais vitorioso ter a capacidade de agir como os homens: fingir que nada aconteceu, e que nada me abala. Acordar de manhã, e ter plena convicção de que nada aconteceu, deixando a outra pessoa sem argumentos contra você. Essa briga, leitores, foi importante para me ensinar que a arma mais importante em uma discussão é saber se controlar para não virar a vilã da situação.

2.Brigas são boas para reavaliar relacionamentos, e perceber se estes são fortes o bastante. No caso de amizades, brigas são essenciais para medir quão verdadeiro tudo o que passou foi. Se na balança, mesmo a mais alta das ofensas foi feita, e mesmo assim os bons momentos falaram mais alto, essa sim é a verdadeira amizade.

3.Quando tudo der errado, há uma única pessoa que vai estar ao seu lado incondicionalmente: você mesma. Quando a besteira for grande, mas tão grande mesmo que nem uma mãe seria capaz de perdoar, você é o único individuo para se dar suporte. O que me leva a outra lição muito, mas muito essencial na vida de qualquer pessoa:

5.AME-SE. Porque no final das contas, se todos e todas forem contra você, se o mundo quiser te apedrejar e não haja Cristo que te salve, é essencial contar consigo mesma. E esse amor por mim mesma me faz ver que muito mais importante que ligar para as opiniões alheias, o meu compromisso é comigo,e minha imagem é formada de acordo com as minhas auto-criticas.

E a principio, eu pensava que o intercambio tinha como único objetivo aprender uma nova língua e saber conviver com uma nova família. Analisando tudo o que eu aprendi, vejo que tudo isso é apenas uma pequena parte de tudo que ganhei. Não apenas um novo idioma, mas também a me conhecer e reconhecer meus erros. Minhas falhas, e tentar melhora-las. Aprender a marcar a minha TPM, e me controlar mais naqueles dias. Respirar fundo na hora dos desaforos, e saber lidar com piadas sem graças em relação a minha estatura.

Porque se nem eu mesma me amar, quem vai poder fazer isso por mim?

O mundo das garotas é cruel, mas eu vou superar as crises que aparecerem. E, tendo a trilha sonora de Shrek como inspiração, sigo cantando esse trecho na minha cabeça: “I don’t give a damn about my bad reputation”. Porque mais importante do que minha reputação é eu lutar por quem eu sou.

E há cada dia que passa, é isso o que eu mais quero descobrir.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O leite materno

E depois que a leitora mais assídua desse blog exigiu que eu postasse mais, cá estou eu para satisfazê-la – está mais feliz, mãe?

Quarta-feira , uma tarde ensolarada sem nada para fazer. O melhor lugar para passar tempo? As praias – artificiais – de Hong Kong!

E na praia,o típico caso de Hong Kong: a domestica filipina com a criança, chinesa ou estrangeira, que passa mais tempo com sua babá do que com sua real mãe. e hoje, minha inspiração vem das mães de Hong Kong.

Há alguns anos, quando minha mãe revelou que tinha me amamentado por menos de quatro meses, entrei em choque. Minha mãe, a mulher que me agüentou por 9 meses, a mulher que tem por mim um amor incondicional, me amamentou por menos tempo que o indicado! O leite materno, responsável pelos primeiras proteínas, que vão proteger a vida (com os anti-corpos) e ajudar no crescimento. Leite, o símbolo do amor materno!

E, para meu choque, descobri nesse fim de semana que as mães hong-kongianas não amamentam seus filhos. Nem por um ou dois meses. NUNCA. Porque nenhuma mulher quer perder tempo ou trabalho para amamentar seu bebe. Quem precisa do leite materno quando pode-se reproduzir o mesmo efeito com uma mistura química, produzida em algum lugar no meio da China, mais conhecida como leite em pó?

Sem mencionar o fato de que as adolescentes chinesas acreditam e argumentam que a gravidez dura 10 meses. Hello, em qual planeta você vive? Desde que eu tinha seis anos de idade eu sei que uma gravidez dura aproximadamente 37 semanas. E desde os 10, aprendi que uma cesariana é equivalente a três horas, e que um parto normal pode ser induzido e levar até 2 dias. E no final das contas, o honorário medico não é medido pelas horas gastas. Então qual a vantagem do parto normal? Claramente, minha opção desde já é a cesariana.

Enfim, depois de analisar as adolescentes hong-kongianas por 9 meses – e digo isso com firme convicção, porque estudar somente com meninas por todo esse período não é para qualquer pessoa – afirmo que ser mulher é difícil. Em qualquer parte do mundo ser mulher é complicado, mas Hong Kong faz esse cargo ser ainda mais penoso.

Porque em uma cidade em que definitivamente “time is money”, e a competição e luta pela igualdade dos sexos é acirrada, pensar nas simples coisas inclusas em ser mulher é difícil. Não há tempo para amamentação, não há ideia da duração de uma gravidez, não há como não contratar uma filipina para substituir o carinho que é roubado dos filhos e filhas nascidos nessa terra.

E alem de terem que estudar para entrar em uma boa universidade, aprenderem a tocar piano para mostrar versatilidade, serem fluentes em outras línguas para se tornarem mais imponentes no mercado de trabalho, as meninas de Hong Kong tem que achar tempo e habilidade para se tornarem casáveis. Uhm, espera um pouco, e quando há tempo para simplesmente viver?!

Já dizia o poeta de “Filtro Solar” que todos temos que viver em New York por um tempo, mas mudarmos antes de nos tornarmos frios. E o mesmo se aplica a Hong Kong.

As pessoas podem dizer que o Brasil não é tão seguro, que brasileiros não são tão eficientes, e que não temos vontade de melhorar. É verdade? É verdade. Mas também há o lado positivo: somos muito mais humanos e felizes. E espertos. Porque nenhuma menina que tenha no mínimo 10 anos vai argumentar que uma gravidez dura 10 meses. E nenhum pai ou mãe ensina sua filha que dividir o mesmo hashi, e portanto troca salivar, pode levar a uma gravidez (piada baseada em fatos reais). Somos mais vividos. E no final das contas, quando vemos o mundo de forma biológica, quem é mais forte? Claramente: nós. Porque instintivamente, temos muito mais reflexos e experiência de vida. E no final das contas, se o mundo vier a um colapso, o que é mais importante?

Espero que depois das minhas gravidezes – que durarão no máximo nove meses, eu tenha tempo para curtir meus filhos. E fica aqui prometido que eu os amamentarei por seis meses. E que eu perceba que mais importante que dinheiro, carreira e coisas materiais, há uma coisa que nenhuma outra pessoa –ou mistura química - tem o direito e obrigação de fazer: dar vida em forma liquida a minha prole.

terça-feira, 18 de maio de 2010

“Eu falo Português errado...”

Cauda e calda. Mau e mal. A fim e afim.

Talvez eu tenha passado muito tempo longe do Brasil. Mesmo com a auto-correcao do Word, ainda cometo erros de ortografia. Maravilha! A FUVEST me espera.

Opera chinesa: a arte de cantar gritando

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Dividindo o peixe



Dia das mães. Mais uma comemoração longe de casa. Mais uma comemoração ao estilo chinês!

Segundo a tradição chinesa, as festividades precisam ser comemoradas antecipadamente ou no dia – nunca depois. Sendo assim, nesse dias das mães não tivemos tempo para comemorar com a família do meu pai chinês, o que deixou a mãe dele – uma senhora que me lembra a minha bisavó – muito brava.

Essa mesma senhora, a versão viva da minha “Abu” (avo, no dialeto da família Sun), tem sempre a “honra” de comer as partes mais exóticas do peixe: a cabeça e a calda.

Para os chineses, a cabeça do peixe representa o começo, e a calda o final. Portanto, se a cabeça for servida, a calda tem que ser servida também, para a mesma pessoa. Porque pela óptica chinesa, comer somente o começo ou o final de algo não é bom pressagio. O que me levou a imaginar: qual é a maneira correta, para o chineses, de se comer cobras?

Mas a etiqueta chinesa não é somente diferente na hora de comer.

Muitos ocidentais muitas vezes se sentem ofendidos pela maneira com que os chineses recebem presentes. Nunca os abrem na frente de quem os deu, e nunca expressam se realmente gostaram. Ou nunca usam o que lhes foi dado. A pratica “ah, eu amei esse par de meias, exatamente o que eu precisava” jamais se aplica na China. Mesmo porque, segundo minha lăoshí (professora), agradecer demais é mal educado. Assim como abrir os presentes é a pior coisa que alguém pode fazer quando é presenteado. Vai entender!

Enfim, seja compreensivo ao presentear chineses, e caso aceite comer a cabeça do peixe, saiba a calda tambem é essencial!