quinta-feira, 27 de maio de 2010

O leite materno

E depois que a leitora mais assídua desse blog exigiu que eu postasse mais, cá estou eu para satisfazê-la – está mais feliz, mãe?

Quarta-feira , uma tarde ensolarada sem nada para fazer. O melhor lugar para passar tempo? As praias – artificiais – de Hong Kong!

E na praia,o típico caso de Hong Kong: a domestica filipina com a criança, chinesa ou estrangeira, que passa mais tempo com sua babá do que com sua real mãe. e hoje, minha inspiração vem das mães de Hong Kong.

Há alguns anos, quando minha mãe revelou que tinha me amamentado por menos de quatro meses, entrei em choque. Minha mãe, a mulher que me agüentou por 9 meses, a mulher que tem por mim um amor incondicional, me amamentou por menos tempo que o indicado! O leite materno, responsável pelos primeiras proteínas, que vão proteger a vida (com os anti-corpos) e ajudar no crescimento. Leite, o símbolo do amor materno!

E, para meu choque, descobri nesse fim de semana que as mães hong-kongianas não amamentam seus filhos. Nem por um ou dois meses. NUNCA. Porque nenhuma mulher quer perder tempo ou trabalho para amamentar seu bebe. Quem precisa do leite materno quando pode-se reproduzir o mesmo efeito com uma mistura química, produzida em algum lugar no meio da China, mais conhecida como leite em pó?

Sem mencionar o fato de que as adolescentes chinesas acreditam e argumentam que a gravidez dura 10 meses. Hello, em qual planeta você vive? Desde que eu tinha seis anos de idade eu sei que uma gravidez dura aproximadamente 37 semanas. E desde os 10, aprendi que uma cesariana é equivalente a três horas, e que um parto normal pode ser induzido e levar até 2 dias. E no final das contas, o honorário medico não é medido pelas horas gastas. Então qual a vantagem do parto normal? Claramente, minha opção desde já é a cesariana.

Enfim, depois de analisar as adolescentes hong-kongianas por 9 meses – e digo isso com firme convicção, porque estudar somente com meninas por todo esse período não é para qualquer pessoa – afirmo que ser mulher é difícil. Em qualquer parte do mundo ser mulher é complicado, mas Hong Kong faz esse cargo ser ainda mais penoso.

Porque em uma cidade em que definitivamente “time is money”, e a competição e luta pela igualdade dos sexos é acirrada, pensar nas simples coisas inclusas em ser mulher é difícil. Não há tempo para amamentação, não há ideia da duração de uma gravidez, não há como não contratar uma filipina para substituir o carinho que é roubado dos filhos e filhas nascidos nessa terra.

E alem de terem que estudar para entrar em uma boa universidade, aprenderem a tocar piano para mostrar versatilidade, serem fluentes em outras línguas para se tornarem mais imponentes no mercado de trabalho, as meninas de Hong Kong tem que achar tempo e habilidade para se tornarem casáveis. Uhm, espera um pouco, e quando há tempo para simplesmente viver?!

Já dizia o poeta de “Filtro Solar” que todos temos que viver em New York por um tempo, mas mudarmos antes de nos tornarmos frios. E o mesmo se aplica a Hong Kong.

As pessoas podem dizer que o Brasil não é tão seguro, que brasileiros não são tão eficientes, e que não temos vontade de melhorar. É verdade? É verdade. Mas também há o lado positivo: somos muito mais humanos e felizes. E espertos. Porque nenhuma menina que tenha no mínimo 10 anos vai argumentar que uma gravidez dura 10 meses. E nenhum pai ou mãe ensina sua filha que dividir o mesmo hashi, e portanto troca salivar, pode levar a uma gravidez (piada baseada em fatos reais). Somos mais vividos. E no final das contas, quando vemos o mundo de forma biológica, quem é mais forte? Claramente: nós. Porque instintivamente, temos muito mais reflexos e experiência de vida. E no final das contas, se o mundo vier a um colapso, o que é mais importante?

Espero que depois das minhas gravidezes – que durarão no máximo nove meses, eu tenha tempo para curtir meus filhos. E fica aqui prometido que eu os amamentarei por seis meses. E que eu perceba que mais importante que dinheiro, carreira e coisas materiais, há uma coisa que nenhuma outra pessoa –ou mistura química - tem o direito e obrigação de fazer: dar vida em forma liquida a minha prole.

Um comentário:

  1. Paulinha,
    obrigada pela coluna!
    Espero ter muitos netos e que vc tenha sempre muitos sonhos e realizações.
    amo vc
    Mami

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