segunda-feira, 31 de maio de 2010

O mundo das garotas e meu preparo emocional

Fofocas, intrigas e juramentos de vingança.

As brigas de meninas sempre envolvem um dos três elementos – e em casos mais sérios, ambos.

O mundo das garotas é cruel porque todas as mágoas e rancor de anos de amizade são trazidos para a discussão na hora quente de uma briga – resultados são ainda piores quando uma das duas, ou em casos extremos, ambas estão na pior semana de toda mulher: a TPM.

Depois de nove meses em Hong Kong, tive minha primeira “grande briga” com minha “melhor amiga” (uso aspas porque depois dessa briga não sei se o titulo é realmente o mais apropriado a essa pessoa). Estou sendo acusada de algo que não sei o motivo, e de que tenho certeza absoluta de que não estou errada. Assumir derrota e pedir desculpas? Nem por cima do meu cadáver.

E essa briga foi muito importante para mim. Tão importante que eu me sinto na obrigação de escrever sobre ela, e publicar os resultados que essa besteira teve na minha vida.

1.Percebo conscientemente que meu preparo emocional é péssimo. Como eu queria poder me controlar e não aparentar mágoa ou raiva – fingir que nada me abala, e não ligar para o que aconteceu (o que deixaria a iniciadora da briga extremamente irritada, porque nada como uma pessoa inabalável e emocionalmente superior para deixar uma garota ainda mais irritada). E essa briga foi boa para eu poder fazer uma auto-reflexão e perceber que mais importante que chutar o pau da barraca e dizer aquele desaforo que ficou na garganta por vários meses de amizade (eu odeio seu cabelo, seu guarda-roupa é um horror, seu ex-namorado é horrível e terminou com você por uma boa razão, etc etc), é muito mais vitorioso ter a capacidade de agir como os homens: fingir que nada aconteceu, e que nada me abala. Acordar de manhã, e ter plena convicção de que nada aconteceu, deixando a outra pessoa sem argumentos contra você. Essa briga, leitores, foi importante para me ensinar que a arma mais importante em uma discussão é saber se controlar para não virar a vilã da situação.

2.Brigas são boas para reavaliar relacionamentos, e perceber se estes são fortes o bastante. No caso de amizades, brigas são essenciais para medir quão verdadeiro tudo o que passou foi. Se na balança, mesmo a mais alta das ofensas foi feita, e mesmo assim os bons momentos falaram mais alto, essa sim é a verdadeira amizade.

3.Quando tudo der errado, há uma única pessoa que vai estar ao seu lado incondicionalmente: você mesma. Quando a besteira for grande, mas tão grande mesmo que nem uma mãe seria capaz de perdoar, você é o único individuo para se dar suporte. O que me leva a outra lição muito, mas muito essencial na vida de qualquer pessoa:

5.AME-SE. Porque no final das contas, se todos e todas forem contra você, se o mundo quiser te apedrejar e não haja Cristo que te salve, é essencial contar consigo mesma. E esse amor por mim mesma me faz ver que muito mais importante que ligar para as opiniões alheias, o meu compromisso é comigo,e minha imagem é formada de acordo com as minhas auto-criticas.

E a principio, eu pensava que o intercambio tinha como único objetivo aprender uma nova língua e saber conviver com uma nova família. Analisando tudo o que eu aprendi, vejo que tudo isso é apenas uma pequena parte de tudo que ganhei. Não apenas um novo idioma, mas também a me conhecer e reconhecer meus erros. Minhas falhas, e tentar melhora-las. Aprender a marcar a minha TPM, e me controlar mais naqueles dias. Respirar fundo na hora dos desaforos, e saber lidar com piadas sem graças em relação a minha estatura.

Porque se nem eu mesma me amar, quem vai poder fazer isso por mim?

O mundo das garotas é cruel, mas eu vou superar as crises que aparecerem. E, tendo a trilha sonora de Shrek como inspiração, sigo cantando esse trecho na minha cabeça: “I don’t give a damn about my bad reputation”. Porque mais importante do que minha reputação é eu lutar por quem eu sou.

E há cada dia que passa, é isso o que eu mais quero descobrir.

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