
Hong Kong, 28 de abril de 2010.
Há oito meses, lá estávamos nós – eu, meus pais, meus irmãos e a Vó Lin – no aeroporto de Guarulhos. Naquele momento eu ainda não tinha me dado conta do que eu estava fazendo. Eu não tinha me dado conta que eu estava indo para o meu intercambio. Eu não tinha me dado conta que eu estava indo morar em uma casa completamente nova (e pequena, diga-se de passagem), com uma família que eu somente conhecia por fotos, e uma escola que eu preconceituosamente já odiava. Perfeito!
E já na fila do check-in, um bom sinal: vemos a jornalista Sonia Bridi na mesma fila que eu.
Para contextualizar vocês, preciso explicar a importância que essa mulher tem na minha vinda para a China.
Caso não saibam, Sonia Bridi e seu marido Paulo Zero, mudaram-se para Beijing no intuito de morar na capital chinesa por um ano, por motivos profissionais. A experiência virou livro, que foi comprado pela minha mãe, e lido com muito interesse e comoção por ela e por mim.
A Sonia Bridi virou referencia - se ela conseguiu sobreviver em Beijing por um ano, por que eu não conseguiria em Hong Kong?
Ela se tornou inspiração, se tornou motivação, e se tornou a jornalista favorita da minha mãe.
Vê-la foi como um sinal de Deus, dizendo: “Vá tranqüila, você está fazendo a coisa certa”. Vê-la foi como ver a sobrevivente do naufrago, e saber que há esperança na pior das situações. Vê-la foi alivio misturado com admiração.
Eu me arrependo de não ter pedido uma foto, um autografo. Podia ter trocado e-mails, dito que ela é minha inspiração, descolar uns bicos na Globo. Então, se você, Sonia, um dia ler esse texto, saiba que mesmo indiretamente você contribuiu para a minha experiência chinesa.
Agora falta pouco para acabar. O fim está próximo, e dizem que quando algo está quase acabando, sempre pensamos no começo. Verdade.
Minha primeira semana foi pior que treinamento do BOPE. Eu nunca tinha me sentido tão perdida na minha vida. Nunca tinha ligado tão desesperada para a minha mãe. Nunca tinha sentido que eu tinha feito a maior cagada de todos os tempos. Nunca me senti tão sozinha, ou tão amedrontada.
O tempo passou, me superei de agosto a abril, e agora, quase no fim, o sentimento é ótimo.
Nunca na minha vida me senti tão capaz.
Nunca me senti tão orgulhosa de mim mesma.
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